ÉBRIO NA BRUMA
É noite alta e sem visões
Ébria criança em minhas brumas
A vagar... a vagar...
Não há chamados por aqui
Nenhuma voz confortadora
Nenhuma proteção
A cidade cinza em tons de mármore
Escura e calada
Quase milenar
Carregada de faltas
De dores
De saudades
E medos...
Tantos medos...
É noite fosca e sem brilhos
Ouço rapinadores nas sombras?
Velhos demônios a sussurrar?
Quem me espera?
O que me espera?
Alguém me espera?
É noite longa e fria
Ninguém reclama e ninguém se aquece
Odor de madeira?
Sempre pinho nunca carvalho...
Mognos talvez?
Se alguém puder pagar...
É sempre o fim
Esta sempre lá...
Cortejo lento
Choro fácil
E dor
Alguém falou da dor?
Ninguém pode ignorar esta dor
Ela esta la pra você...
Ela esteve la pra mim...
É noite eterna e sem retorno...
Ela se foi
Eu a vi partir...
Sou eu agora ébrio nesta bruma.