O último dia
Dia, seu feixe de luz não me alimenta
Sequer resplandece-me o sentido de viver
Sob o sol da vida que não apetece meu triste ser
O arrebol do aurora sua beleza nem me faz enternecer
Na hibernação do existir a desilusão se sedimenta
Dia, do seu amanhecer aprendi se esconder
Ao fulgor da liberdade reluto em me entregar
No catre em casulo quero descansar
Aos berço do criador enfim fenecer
Dia,em sua claridade meus olhos se anuviam
Apenas vejo brumas onde depressões derivam
Pois o perjúrio de amor em repleto espinho me machuca
A crença na felicidade a dois, assim caduca
O encanto do amor cintilante em ouro maciço
Agora vertiginoso se dissipa e tornar-se cediço
No amargo gosto da iminente despedida
Mas a chama do primeiro amor não será esquecida
Oh dia de magnitude solar tão vívido!
Que não rechaça o frio do ser lânguido
Seu alvorecer a cama sempre vazia
Sem o aconchego do amor,grande amor
Que na quentura indizível de seu corpo me envolvia
Sobre as águas do mar quero o corpo imergir
O dilúvio desse sofrer não hei mais sentir
Da tormenta do amor cansei de naufragar
Sem alguém para meu débil coração afagar
Dia em seu nascer mui flamejante
Sequer incide-me o pródigo calor dos amantes
O limiar da paixão desponta num plano distante
Posto que solidão é meu relento constante
Dia,seus raios fúlgidos, da dor não há de me curar
Do furor da mocidade me faz eternamente abdicar
Tantas lágrimas que o sol da vida não pode secar
Ao fundo do mar quero jazer,o espírito apascentar