O último dia

Dia, seu feixe de luz não me alimenta

Sequer resplandece-me o sentido de viver

Sob o sol da vida que não apetece meu triste ser

O arrebol do aurora sua beleza nem me faz enternecer

Na hibernação do existir a desilusão se sedimenta

Dia, do seu amanhecer aprendi se esconder

Ao fulgor da liberdade reluto em me entregar

No catre em casulo quero descansar

Aos berço do criador enfim fenecer

Dia,em sua claridade meus olhos se anuviam

Apenas vejo brumas onde depressões derivam

Pois o perjúrio de amor em repleto espinho me machuca

A crença na felicidade a dois, assim caduca

O encanto do amor cintilante em ouro maciço

Agora vertiginoso se dissipa e tornar-se cediço

No amargo gosto da iminente despedida

Mas a chama do primeiro amor não será esquecida

Oh dia de magnitude solar tão vívido!

Que não rechaça o frio do ser lânguido

Seu alvorecer a cama sempre vazia

Sem o aconchego do amor,grande amor

Que na quentura indizível de seu corpo me envolvia

Sobre as águas do mar quero o corpo imergir

O dilúvio desse sofrer não hei mais sentir

Da tormenta do amor cansei de naufragar

Sem alguém para meu débil coração afagar

Dia em seu nascer mui flamejante

Sequer incide-me o pródigo calor dos amantes

O limiar da paixão desponta num plano distante

Posto que solidão é meu relento constante

Dia,seus raios fúlgidos, da dor não há de me curar

Do furor da mocidade me faz eternamente abdicar

Tantas lágrimas que o sol da vida não pode secar

Ao fundo do mar quero jazer,o espírito apascentar

Alex Melloh
Enviado por Alex Melloh em 16/05/2015
Código do texto: T5244039
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