Elegia 2011
I-)
Oh Mar Del Plata de tanto agouro iminente
Entre seu céu e firmamento deu-se um lastro de desolamento
Tempestivo e cinzento: o cenário da despedida
Como hei torná-la vaga em meu pensamento
Se lá a ausência se fez para sempre (plangente)
Do querido amigo de toda uma vida
Em seus escritos cantaste o amor em silêncio
Nas palavras mal redimidas de seus poemas
A dor subentendida ocupava as entrelinhas
Dizia que sua vida subjazia à felicidade humana
Talvez assim quisesse dá-la o tom da brevidade
Quando ainda seu semblante exuberava a mocidade
Quão melhores os homens se mostram ao mundo caduco
Mais implacavelmente as injustiças os pungem pelas costas
E os outros (bárbaros) ostentam sua vileza
Assim semeando suas doenças no âmago da humanidade
Enquanto agora jaz no silêncio do solo pátrio longínquo
Aquele que ensinou a dávida de amar as pessoas, de verdade
Pobre de seu filho! Em sua áurea angelical
Ao colo de quem o amava não repousará mais
No choro inocente já manifestou o luto
Por isso, embora pequenino sabe:
Que saudade agora é um sentimento absoluto
E que pai não tem nacionalidade, posto que é universal
Oh! Outubro o quanto nefasto!
A cada tua chegada farei melancólica menção
Meu coração estará gélido(em algor)
A razão de ser se reduzirá ao nada
Hei descer as cavidades mais subterrâneas da escuridão
E só permanecerei taciturno em dor
Porque parte de mim desfalecerá
E talvez... Seja melhor sucumbir sem rasto
A voz inconfundível da inteligência vivaz se calou
Porém seu legado se espalhará com evidência
E sua essência pura sublimará aos mais excelsos céus
Sua bondade será o ponto cardeal a nos orientar
A cada luta limpa pela sobrevivência,
A desafiar as linhas tortas que o destino traçou
(II-)
Lá em terras alheias um homem desafiou os sentimentos extremos
Ao atingir uma felicidade assim tão tênue
A se desmanchar numa marcha febril e trágica
Logo a nos dizer que nem tudo pode ser perene
Apenas nos resta viver cada um dos momentos
No exílio assumiste a face oculta desejada
Longe do seio de sua pátria-mãe quisera sonhar
Num amor indelével que de um triste fim iria o salvar
Mas seu corpo não podia, ao mesmo tempo, dois lugares ocuparem
Um dilema se fazia: a família deixada e o bem-querer da amada
A imensidão de oportunidades vislumbrava
A aurora da liberdade reluzia diante de seus olhos
Outrora marejados pelos vultos do passado
O limiar de uma nova vida o contemplava
Em sua fábrica de necessidades, empreendeu muitos planos
Mas eis que imponderável lhe pregou uma série desenganos
Deixaste no passado suas várias facetas:
Sua militância, o judaísmo e o ideário comunitário
Pois se cansou do fardo de andarilho solitário
Da existência vazia, do pranto convulso
E, assim, começaria no marco zero: em terras platinas