Uma canção de todas as cores - II
Há muito tempo,
eu sei, houve uma canção
Cujas notas eram o azul miosótis
E o vermelho da paixão.
Que falava de risos e do vento,
De um amigo e um irmão;
Da vida que levamos e da falta de sorte,
Da alegria e tristeza sem razão.
Houve um momento,
Um segundo de visão
Fugaz, em que foste meu norte,
Delírio de um futuro sem previsão.
Há agora, neste tempo,
eu sei, houve uma outra canção
Cujas notas são o preto da morte
E o cinza da solidão
Que fala das lágrimas e do lamento,
Do abandono e um senão,
Do pranto no escuro e dos cortes,
Dos cacos de vidro em meu coração.
Haverá, ainda que lento,
Uma nova visão
Permanentemente plantada, bem forte,
Ou não será esta outra ilusão?