A VOZ QUE SE CALA
Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.
Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.
Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...
Florbela Espanca
NOTA: Este poema da admirável Florbela Espanca, muito me toca pelo labor poético e sensibilidade. Fiz uma interação para transcrever meu sentir de um momento triste que passei.
MINHA VOZ QUE SE CALA
Amo a vida, a natureza exuberante
O sol que beija o horizonte a encantar,
As ondas do mar revolto e triunfante
Da grandeza do amor a deslumbrar.
Amo a poesia, o expressar da alma
Os anjos que nos ampara e acalma,
O Divino que nos inspira e sustenta
Minha vida em palavras escritas.
Amo ser o que sou, sem medo
Sonhar poeticamente vivendo
De gritos e ecos d´alma em conflito
Todo mistério, é tempo infinito.
Voz de poeta, que cala-se insana
Momento de emudecer minh´alma
Destino cruel, ordenando ao exílio.
De dentro do meu ser:
Leti Ribeiro