RITO DE DOR . . .

hoje estou triste

como a garoa cadente

leve e fria de inverno...

que nos molha aos poucos

e quando nos damos conta

enxagua as lágrimas

de nosso rosto...

mas não congela o meu coração

--- mesmo agora ---

pois olho em volta, vejo o vazio,

sinto medo e desconfio de mim (!)

dessa amarga agonia em meu peito...

queria ser dia, eterna manhã de luz,

e não a longa noite sem brilho

que veste a minha alma

e reveste meus sentidos;

me sinto tão pequeno,

que sequer caibo de dor

em minha triste

e imensa angústia...

mas sei que me desfaço

como sombra,

quando a claridade

se acender, amanhã cedo

no “calor” sombrio

de meu quarto...

(Tadeu Paulo – 2007)