postulado de um mendigo

Eu vi-a!

Vi a lágrima desatar-se do olho

Saciado de fome.

Vi-a aterrar como adeus de folha

Tombando morta

Ainda a vi-lhe arrancar a alma

E em plena cariz do crepúsculo,

Caíra carregada de medos, abastada

De segredos do que um dia se vira.

Eu vi a boca seca verter desejos sobre

O roto papel que o mendigo escrevia

Assim dilacerava-se pois, saliva do

Esfomeado será sempre um dilúvio.

Iner muchine
Enviado por Iner muchine em 17/04/2015
Código do texto: T5209949
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