ENTORPECIDO
E o cinzeiro me olhava,
E os palitos, ali, parados.
Talheres, canetas, papéis, cinzas,
Misturavam-se no piso cinza.
Espirais, odor, sandálias, cigarros,
E os limões, ali, parados.
E o único olho do cinzeiro
Olhava-me com olhar cinza.
Fumaça, cheiro, calçados, drogas,
E o ácido, ali, aguardava.
E o argueiro no olho do cinzeiro
Preenchia o espaço da ferrugem.
De repente percebi que te via,
De repente percebi que te sentia,
De repente percebi que sou cego,
De repente, dormente, fechei meus olhos.