ENTORPECIDO

E o cinzeiro me olhava,

E os palitos, ali, parados.

Talheres, canetas, papéis, cinzas,

Misturavam-se no piso cinza.

Espirais, odor, sandálias, cigarros,

E os limões, ali, parados.

E o único olho do cinzeiro

Olhava-me com olhar cinza.

Fumaça, cheiro, calçados, drogas,

E o ácido, ali, aguardava.

E o argueiro no olho do cinzeiro

Preenchia o espaço da ferrugem.

De repente percebi que te via,

De repente percebi que te sentia,

De repente percebi que sou cego,

De repente, dormente, fechei meus olhos.

Majal San
Enviado por Majal San em 05/04/2015
Código do texto: T5195756
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