DESESPERO
Quem dera pudesse eu
esquecer as doses de amarguras
servidas friamente pela vida
em taças de desespero
causando-me dor atroz
Levantar deste chão de sofrimento
em que meu corpo descansa
as suas amargas feridas
sendo seu próprio algoz
Quem dera pudesse eu
afastar este meu cálice
e não mais me embriagar
nesta dor que me consome
estampada em minha face
Perdi toda a esperança
de acordar deste pesadelo
que parece não ter fim
E, numa prece que eu já não creio
ergo os olhos ao céu e rogo
Pai, tenha piedade de mim
Célia Jardim