IDA
Em meio às chamas
ao fogo ardente
e aos prantos de desgraçados
surgiu Ida
e seu corpo flamejante.
Apesar do ranger de dentes
ergueu a mão
estranhamente tranquila
por entre a fumaça raivosa
e segurou um homem:
pediu-lhe que dissesse
à sua mãe
que ela sobrevivera
à tragédia.
O edifício queimava
corpos caíam
medo subia aos ares.
A dor e os gritos
eram noticiados
em todos os rádios da cidade.
Na manhã seguinte
quando tudo eram só cinzas
lágrimas já secas
e ruínas
descobriu-se que Ida
apesar de ser Pássaro
não conseguira voar
para longe
do fim.
E virou história
com tantos outros
p
á
s
s
a
r
o
s.
(Em homenagem a Ida Pássaro e a todas as outras vítimas da triste tragédia do Edifício Joelma, em 1974).