Janelas Vazias
Sob a luz da distante e solitária lua
Um candeeiro de esquina queimava,
Iluminando a desgraça de uma rua
Onde um pobre homem a uma janela olhava,
Que agradeceu aos céus pela gélida chuva
Pois ela escondeu que aquele bruto chorava.
E naquela noite não houve luz mais brilhante
Que a dos olhos de quem amou até o fim e em diante.
Já havia muito que um cigarro ele não acendia
Mas não foi deste vício que a vida o privou,
Pois quando a noite tem mais cor que o dia
E a fumaça da guerra a vida tragou,
Um novo tempo surge da chama vencida
A homens deixados por quem de manhã não acordou.
E o fogo de cada dor seu último cigarro acendeu
Pois ao ver sua amada as cinzas matarem, sua vida morreu.