O Lobo do Deserto

Da valeira ao rochedo ouvi o soluço do lobo,

Chorando ia embora, no caminho dos insetos de fogo

Juntaram-se do solo árido, afastados em amor ardente

Visão do passado cintilava no fado presente

Que outra noite feliz refulgiria amanhã?

O caminho repartido, a presença desfeita

Um milhão de sorrisos, toda uma vida perdida,

Eis o vazio das horas seguintes

Mas vá, então! Corras na esplanada erma!

É madrugada agora, todos pagaram o que fizeram,

De companheira haverá apenas tua sombra,

Com ela deves partir agora, em retorno à tua terra.

Túneis a penetrar; montanhas a atravessar

Afogue o homem dentro do coração,

E solte o lobo frio desse deserto,

Que do sossego animalesco tu chegarás mais perto.