O sono da morte
E na madrugada
mesmo o sono não vindo
ele foi se deitar.
No quarto escuro
seu leito frio e sombrio
mais lembrava uma tumba.
Pensava na vida,
no seu dia-a-dia
no tempo que passava,
na felicidade tão efêmera.
Nas frutas que nunca comeu,
nos livros que não leu,
nos sorrisos que escondeu,
nas lágrimas que
não deixou escorrer.
Pensou na maldade dos homens,
na bondade das avós,
na beleza dos jovens
e na animosidade
dos adolescentes.
Mas o sono não vinha,
lembrou-se de Goethe,
dizendo que morrer
era só não ser mais visto.
E desejou isso.
Por fim adormeceu
para não mais ser visto,
não mais. . .