O sono da morte

E na madrugada

mesmo o sono não vindo

ele foi se deitar.

No quarto escuro

seu leito frio e sombrio

mais lembrava uma tumba.

Pensava na vida,

no seu dia-a-dia

no tempo que passava,

na felicidade tão efêmera.

Nas frutas que nunca comeu,

nos livros que não leu,

nos sorrisos que escondeu,

nas lágrimas que

não deixou escorrer.

Pensou na maldade dos homens,

na bondade das avós,

na beleza dos jovens

e na animosidade

dos adolescentes.

Mas o sono não vinha,

lembrou-se de Goethe,

dizendo que morrer

era só não ser mais visto.

E desejou isso.

Por fim adormeceu

para não mais ser visto,

não mais. . .

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 18/03/2015
Reeditado em 09/11/2019
Código do texto: T5174662
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