Divã
Já não sei o que sinto agora,
Têm fragmentos meus perdidos por ai,
Já não tenho a certeza que me cabia,
Já não vejo os caminhos que devo seguir.
Tantas de mim pelo mundo a fora,
Tantas dores que me fazer sorrir,
Tanta beleza na lágrima que rola,
Tanto é o desespero que me faz existir.
Já não vejo mais nada, eu acho,
Já não sei quando é a hora de partir
Costuro as dores nos lábios, me rasgo.
Na esperança de me coagir.
Não há medo, não sobra espaço.
A dor é tudo que tenho,
Guardo olhares em meu retrato,
E o que resta deles, empenho.
Eu me cansei de ser forte, por hoje...
E me cansei de esperar o amanhã
Das palavras e dos rumores,
Dos meus versos e do meu divã.
Junto as sobras da minha pele sofrida
Emendo e pinto... E rio e sinto...
E me guardo em uma guarida.
E pulo e me grito, se me vejo sã.
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O cansaço de ser forte
Tem sido em ti recorrente
E se tens medo patente
Chegou a hora do corte
Não basta, em si, a cartarse
O mergulho no profundo
De tua trilha no mundo
No passado é mergulhar-se
Estarás enfim segura
Sem oscilações de humores
D'alegria ou amargores
No limite do aceitável
No deleite dos amores
Teu viver na vida estável.
Alfredo D Alencar