Melancolia


Como pode ser bela, 
A melancolia!
É um raio de sol
Secando uma dor
Ao final do dia,
Chuva na vidraça,
Pensamento longe,
Os olhos perdidos,
Tempo que não passa...

-Mas há graça!
Está no silêncio,
No beijo solene
De um colibri
Na tarde silenciosa,
No canto embutido
Na mata fechada
Na voz das cigarras!

A melancolia
Que súbito, explode
Em cores miúdas
Na pele das flores,
O olhar caído
Sobre a poça d'água
Que mostra, no céu,
A nuvem que passa...

E assim, de repente,
Uma brisa cálida,
Qual sopro divino
Em nossos ouvidos...
Ah, melancolia,
Que chega de noite,
Que amanhece o dia...

E ela se cala,
Bem presa na ponta
De uma caneta,
E ela se liberta
E sangra da pena,
E sangra dos dedos
Por sobre o teclado
Virando poema...




Poema inspirado na escrivaninha de Rosa das Oliveiras, no poema "Lágrimas."
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 12/03/2015
Reeditado em 12/03/2015
Código do texto: T5167472
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