ALMA TRITURADA

E os anos correm...

velozes como um cavalo

solto no prado.

Nunca mais pude rir

de coisa alguma,

tamanhos foram, os

malefícios

a mim, dirigidos...

todos como um raio!

A minha poesia é custosa...

a boca é seca...

e o mar revolto da

minha alma,

faz de tudo que penso

um cofre fechado à senha,

para que eu não mostre

este declínio ferrenho.

Nem sempre vivi assim,

trancafiada dentro

da minha concha,

deixando tudo escapar

pelas portas deste destino

que não posso mudar,

nem brecar.

Ouço o mundo gritando

despudores...

assisto a decrescência de todos

e seguro nos olhos

a lua nova...

Para que meus dias

se alimentem

da luz em desova.

Fugiu a sensação do riso...

e o que alastra é martírio,

muitas perdas...

e as letras, cujos dedos

enrijecem,

para que eu me perca!

Estou exausta dos conselhos

teóricos...

Desta íngreme ladeira

que me tira o fôlego...

Exausta da ausência

de poesia...

De cada tentativa falha...

Da companhia deste carma .

E a minha alma empacada,

teimosa feito mil asnos...

não desata !