Ruas de lágrimas:
São lágrimas de sal, as lágrimas do mar
Que escorrem na face da alma silenciada
E o sal arde nas mãos feridas pelo amor.
Cortes que um dia serão apenas cicatriz,
E a marca que ficará na pele envelhecida
Em nada sobressai ao que se faz no peito.
As lágrimas de sal borram o livro empoeirado
A tinta, nas páginas amareladas, se contorce
E desenham as manchas dos olhos cansados.
São lágrimas de sal, as lágrimas da vida
Nos lábios mudos, nos pés descalços, no ventre nu...
E cada rua em deserto molha as horas pardas.
Léa Ferro. 27-04-2008