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SOLITÁRIA ALMA



Cansei de bater, cansei...



-Não, eu não fechei as portas,
Eu apenas as tranquei...
E aquela luz já mortiça, 
Com um leve sopro, apaguei!


Não foi preciso varrer
Tentando, assim apagar
As pegadas do caminho:
Elas já estavam ausentes.


Nem foi preciso morrer...
-Eu já estava mesmo morta,
Esquecida para sempre
Nos corações que eu amei,
Apenas me sepultei...


Cobri de terra o restante
Daquilo que eu achava ter sido,
E nem uma prece eu ouvi
Dos seus lábios ressequidos!


Acho até que nem notaram,
Que não fizeram questão...
Nem sequer sentiram a falta
De quem nunca precisaram!


Suas vidas continuam,
Continua a minha morte...
O cordão era tão fraco,
Que nem sentiram-lhe o corte!


Talvez alguma lembrança
De quem fui, tenha ficado
Ou meu fantasma 'inda assombre
O espaço inabitado...



E naquela fotografia,
Daqui a anos e anos,
Quando alguém me apontar
Indagando quem eu fui,


Uma sobrancelha erguida
De repente, lembrará
De quem fui quando era viva
E então responderá:



"Esta passou por aqui,
Mas nunca teve importância,
Confesso que não percebi
Sua ausência, sua distância...



Nenhuma falta nos fez,
Não deixou nada de bom...
Sei que tinha um estranho dom
Que ninguém compreendia,



Só sei que não se encaixava;
As linhas da sua vida
Estranhavam nossas palmas,
Eu não sei por onde anda
Essa solitária alma..."



A distância é muito longa,
Os caminhos se ornaram
De espinhos e silêncios...
E hoje, nem mesmo o vento
Poderá atravessá-los.




 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 01/02/2015
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