Poema sem futuro
o vazio fez-se capa
aderindo-se nos sentimentos
como um tecido disforme
em pretensão de casulo.
dá hibernação suitizada
a sono, atrofiado de asas
sedutoras de sonhos,
esticado pra ser infinito
há rumores apodrecidos do tempo,
longínquo lá fora,
com seus ponteiros desmanchados nas pústulas
das horas adoecidas.
há zumbidos dos redemoinhos maus cheirosos
revirando pós dos dias
cadavéricos do mundo.
seivas repugnantes transbordam
das pétalas que os jardineiros matam...
o que farão as borboletas
nessas primaveras de sangue?
encolho-me, quieta borboleta,
protegida e apertada
em uma morada
sem cor
sem pretender asas
para voos derrotados.