Culpado
Ando pelas ruas
como se fosse culpado
de todos os crimes sofridos
por esta humanidade já perdida.
Talvez seja consciência paranóica
ou o reconhecimento de minhas omissões
Carrego olhares!
Mil olhares.
Maus olhares,
impressões da alma de pessoas
que passam por mim
e que pensam em mim
vinte quatro horas por dia.
O que fiz de errado
e o que deixei de fazer de certo?
Não me queixo desta mania
pois todo culpado é ousado.
Trago a esperança
de que as pessoas
nunca serão iguais a mim.
Suporto todos os trejeitos
que me fizeram nascer
que me deixaram sentir dor
que me tornaram culpado.
Construo a culpa.
Aceito a culpa.
Levo a culpa.
Pela ciência do segredo
Pelo faz de conta.
Pela minha santa omissão.
Pela minha falsa cegueira.
Pela minha mente fascinada.
Nesta minha alma degredada.