Chama
Deixa a chama apagar, acabar a luz
Deixa o erro ser o sopro, a direção
Deixa a vela derreter até o final
Mergulhar o quarto todo em escuridão
Deixa o quarto se vestir de coração
E num momento, representar o que já é
Deixar a dor invadir sem bater na porta
E se instalar no quarto-coração dessa mulher
A mulher chora em silêncio no quarto escuro
O coração sangra se desfazendo em choro
O choro vira rio do barco que é o mal
E a tristeza nunca se fez tão real
Real como uma história de palavras repetidas
Real e inconsequente, frases incompreendidas
Verdades ignoradas nos acontecimentos
Mentiras intrometidas de fora pra dentro
A mentira como um sopro, a vontade de apagar
O que antes era ouro vira bronze sem parar
Ignorado, como a chama, que vai logo se apagando
No escuro, ela chora e assim fica, só chorando