BALADA DO PRISIONEIRO
Passou o Natal, passou o Ano,
Passarão os próprios Reis
E vai passar o vil tirano
À sombra de injustas leis.
Ó crua insensibilidade,
Que não sentes o cativeiro,
Onde está a causalidade
Que acorrenta o prisioneiro?
Não há crime, não há morte,
Só se fala em corrupção.
Não cairão p´ la mesma sorte
Muitos outros na prisão?
Tal vai esta hipocrisia
Que vê cisco em vista alheia
E não vê trave nem valia
No tormento da cadeia.
Ó poder alucinado,
Como custa governar
Quando se tem algemado
Um orgulho a latejar…
Libertai os prisioneiros,
Vós, ó corações imbecis,
Porque sereis os primeiros
A perder o vosso verniz.
E s´ houver lágrimas estremas
De pálpebras inocentes
Sejam elas as algemas
Das vossas próprias correntes!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA