Vã
Acordou
Pela trigésima vez
E nessa então
Acertou a manhã
Deixar o chão pros pés
O corpo já tivera longo turno
E já saber como é que é
Viver mais um dia sem rumo
Buscar o desconhecido
Entre as coisas, das mais óbvias
E sorrir com um simples
Raio de sol que entra sem bater
Pela fresta que a porta faz com o chão
E no espelho lá nos fundos
Procurar o mesmo brilho
E encontrar um par de olhos
Que ali barrados, limitados
Não desvendam o que se esconde
Dentro de seu coração
Noite em vão... (noite em vão!)
Vida vã... (vida vã!)
A fonte incessante faz minar Lágrimas modestas
Corpo fraco, mente franca, trança as pernas
Esbarra em suas próprias arestas
Seu norte está pra onde aponta a testa (mas não)
Mecanismos e ferramentas à mão
Mas não se lembra por onde se perdeu sua razão
Tosse à beça, bebe água
Rara e cara lá do poço
Cospe fuça lava a cara
O seu choro é sem esforço
Água fria pelo corpo
E se lava já sem dor
Sem sujeira
Sem eira nem beira
Já sem alma
Já sem calma
Só tremor