Mesopotâmia
Dos galhos ao longe aos pés dos segredos
Fizeram-se em voltas, antes de graves,
As minhas memórias.
E feitas manhãs caídas nas tardes
Desceram das árvores nas bordas do vento,
Em dança nos ares, em dança com o tempo,
Com o tempo às costas jurando levezas!
Desceram às voltas, em torno ao que fora
O tronco de um homem no solo estendido,
Meu corpo tomado por seio da terra.
E em meio a dois lábios em meio a dois rios
Os poros brilhavam ligeiros cardumes,
As luzes em feixes faziam-se frestas
Por onde se viam as folhas tão verdes
Na íris abrirem-se em flores.
Dos galhos ao longe aos pés dos segredos
As árvores grávidas se foram fazendo.
Ah quando vejo essa dança do tempo
Fazendo mais largas as frestas do peito
Lembranças tão densas me caem nas tardes
E as folhas ao solo vertendo tão graves
Ao solo sem seio, ao rubor das entranhas.