Mesopotâmia

Dos galhos ao longe aos pés dos segredos

Fizeram-se em voltas, antes de graves,

As minhas memórias.

E feitas manhãs caídas nas tardes

Desceram das árvores nas bordas do vento,

Em dança nos ares, em dança com o tempo,

Com o tempo às costas jurando levezas!

Desceram às voltas, em torno ao que fora

O tronco de um homem no solo estendido,

Meu corpo tomado por seio da terra.

E em meio a dois lábios em meio a dois rios

Os poros brilhavam ligeiros cardumes,

As luzes em feixes faziam-se frestas

Por onde se viam as folhas tão verdes

Na íris abrirem-se em flores.

Dos galhos ao longe aos pés dos segredos

As árvores grávidas se foram fazendo.

Ah quando vejo essa dança do tempo

Fazendo mais largas as frestas do peito

Lembranças tão densas me caem nas tardes

E as folhas ao solo vertendo tão graves

Ao solo sem seio, ao rubor das entranhas.

Franciele Bach
Enviado por Franciele Bach em 01/12/2014
Código do texto: T5055302
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