Anjos de pedra

Ao poeta Hermílio Pinheiro de Macêdo Filho (in memoriam)

Sofrem os versos enterrados

Ao pó e aos vermes misturados

Lançados ao esquecimento

Por todos abandonados

Sofrem os versos

Apodrecem

Em dísticos alinhavados

Estrofes escapam do caixão

Fogem as rimas pelo cemitério

Os anjos de pedra com os olhos parados no sem fim

A noite é toda um mistério

O clarão de tênue azul

Sobre as lápides se esparrama

Chora o poeta

Agora tornado em lama