POEMA TRISTE COMO UM CÃO SEM DONO
Deixo-me ao relento,
desamparado,
de olhar parado,
corpo mole ao vento.
Hoje não tenho ninguém.
Hoje não tenho dinheiro,
nem retorno,
nem calor, nem frio:
estou morno,
como um recém-morto.
Espero misericórdia
das mãos do rei magro.
Mas como mãos tão cruentas,
terão a doçura do afago?
Espero um olhar
em minha direção
para gritar esta angústia,
em que ecoa a solidão.