LABIRINTO

O que fazer da vida?
Não sei; sei que estou perdida,
Banida dos meus direitos,
Sonhos, tão cedo desfeitos,
Pelas concretas esquinas,
Corpo e alma de menina,
Oferecidos aos “abutres”,
Em troca de alguma gorjeta,
Nesses retalhos de mim,
A alegria não se ajeita.
E ainda me dizem: lute,
Saia dessa sarjeta,
Busque novos planos.
Mas, não é simples assim,
Como tirar uma flor do jardim,
Treze anos, inúmeros danos,
Emoldurados pela dor,
A começar pelo genitor,
Que me abusou se piedade,
Eliminou qualquer possibilidade,
De uma infância feliz, de um lar,
E eu não sei explicar,
A profunda angústia que sinto,
Não sei como sair desse labirinto,
Sei que a prostituição me fez refém,
Que eu preciso sobreviver, suportar,
E que o próximo abutre já vem...