NESSA NOITE

Nessa noite sem luar,
Varro o nada com o olhar,
Tento espantar a solidão,
Com uma desafinada canção,
Dessas que a gente canta,
Por cantar, sem qualquer inspiração,
Mas, cantar não adianta,
A solidão se agiganta,
Cala a minha voz, os meus passos.
Nessa noite sem você,
Inumeráveis porquês,
Povoam o meu pensamento,
Onde você está, com qual vestido,
Com que perfume, com quem,
Em que cama, me que braços,
Aninha os seus sentimentos,
Porque me deixou perdido,
Sem quimera, sem primavera,
Sem poder de reação, sem acalanto,
Sem vazão na atmosfera...?
Nessa noite de densas nuvens,
Cinzelando a paisagem,
Escondendo o esplendor,
A alma não resiste o peso da dor,
E se queda, derrama um amargo pranto.


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NOITE ESCURA

Noite escura, noite densa,
longa, enorme, fria - imensa...
Acho quer me devorar.
A solidão é uma chaga
que fere, meu peito rasga,
ferida que não cicatriza,
e nada, nada amortiza
seu constante pinicar.
Me sinto perdido no mundo,
sou um pobre vagabundo,
que não merece perdão
por sonhar sonhos em vão,
pássaro que quer voar,
mas sem asas vai ao chão,
sequer consegue cantar.
Não sei onde está você,
foi-se sem dizer por quê,
deixando-me triste, a chorar. 

Quem sabe amanhã tudo mude.
Espero, confio. Deus me ajude.

(HLuna)