Fecham-se as Cortinas
Sol ganha um brilho diferente quando emerge do mar de manhã
O vento cheira diferente na beira da praia
O que antes era balneário de infância
Hoje aparece cinza, de uma forma estranha
Entre números que sobem no painel
E o chão que some rápido sob meus pés
A cortina vai se fechando e um futuro incerto me almeja
E a luz, torna-se fosca, em comédia, tragédia e cordel.
A mundo sussurrou em meus ouvidos que era necessária a partida
A vida esmurrou o meu estômago e queimou o meu caminho
A insistência me obrigou a seguir sozinho
E o medo me toma as entranhas, numa fé perdida
Fecham-se as cortinas
Um novo caminho
Encerto, é certo
As frustrações que me estagnam, lanço-as aos ventos
E peço ao mar que as esmague, onda por onda
Foram com elas que o brilho se foi, e a paixão se tornou pesadelo
E eu não sei mais o que, ou quem sou
Uma vida de palcos errados e cenas falhas
De técnicas fracassadas e tentativas ao léu
Quando a paixão vira dor
É hora de parar e curar a ferida
Não sei como estou nos telões da cidade
Não sei como estou no asfalto das estradas
Não sei como sigo o caminho duvidoso
Não sei como vivo com essa dúvida engasgada
Em versos tortos, sem rima
Tento fazer o que a doença me fez parar
E penso como parar aquilo que me faz doente
E tenho medo do que vai acontecer amanhã
Sem inspirações
Sem eu
Sem nexo
E sem texto
Fecham-se as cortinas
Novo caminho
Talvez um dia eu volte
Basta saber quem eu serei daqui a pouco.