ANTES DO AMANHECER

O quarto, o retrato da fragilidade,
O corpo à mercê do leito,
O tudo possível sendo feito,
Para o restabelecimento, a sonoridade,
Um mês, dois, três meses, quase quatro,
As andanças, as esperanças, os contatos,
Os poucos amigos, a fidelidade,
A intensidade dos sentimentos,
Dos filhos presentes em todos os momentos,
Os senões, as complicações, os procedimentos,
A alma deseja ainda essa vida,
Mas o corpo tem os seus limites,
Absurdamente cansado, não resiste,
No prenúncio da aurora,
O caríssimo Oswaldo foi embora...
A alma agora - decora a eternidade,
Fica o gosto acre da despedida,
E os nossos olhares movidos pela saudade.