Sonolência
Parece que a sonolência não acaba nunca,
você se apega ao nada e cria devaneios pro fim,
restam apenas cores neutras, dias cinzas, janelas fechadas, túneis sem luzes, pássaros sem canto.
Pego o lápis para escrever e me aperta o peito por ler o que escrevo
e se pudesse passar meu coração pro papel através do lápis com certeza
passaria a borracha por cima.
Não tenho muitas certezas e das que tenho tento livrar-me
para me dar mais tempo
e o pouco tempo que me resta?
Ah! Deus o pouco tempo que me resta!
Nem deuses me restaram, ficou só a expressão sem sentido;
ficou só o coração sem amor; e só da razão ninguém vive,
apenas aumenta
a sonolência.