A ÚLTIMA VISITA
Oh! Minha adorável amiga
Não esperava um ser vivo tão cedo
Achei que os últimos que veria seriam
Os vermes operários a devorar-me a carne
Não ligue para a bagunça
E nem para o sangue no chão.
Oh! Minha doce amiga
Conte-me o que se passa lá fora
Mas seja breve
Meu tempo é curto
E o homem da foice implacável.
Oh! Minha querida amiga
A miséria corroeu o meu espírito
E eu agora não passo de uma carcaça vazia
A espera do inevitável destino
A espera do meu julgamento
Oh! Com toda certeza
Deus reservou muitas páginas
Para a história da minha vida.
Oh! Minha única amiga
Já vejo a sombra das árvores sem folhas
Já sinto o frio do vento sem compaixão
Já sinto o nada mais forte do que nunca.
Oh! Minha inacreditável amiga
Agradeço pelas últimas palavras
Agradeço pelo último abraço...
Adeus minha velha amiga
A morte me espera em sua carruagem
Puxada por cavalos sem carne.
Boa sorte minha amiga
Espero que nos reencontremos
Na terra dos sonhos vazios
No espaço inexistente de saudade
Na infinito que alguns chamam de céu...