Alpendre
Estamos todos no alpendre da vida
nessa varanda coberta
mas aberta as intempéries.
É possível sentir a fúria dos ventos,
as gotículas de chuva
e o chicote das mágoas...
Dor e sangue que secam ao relento
como um cão vadio e sem raça definida.
as cicatrizes com o tempo,
são referenciais.
sinais gráficos, escritos pelas agruras
distintos de tudo,
e marcados por todos.
Esculpidos em carne viva
sob a aspiração de almas mortas.
Repito: estamos todos no alpendre da vida.
Semiprotegidos.
Semicobertos
E imersos numa consciência súbita.
Contradições, paradoxos e culpas
naufragam nesse alpendre.
Não estamos dentro e nem fora.
O sol lá fora projeta sombras verossímeis.
As nuvens passam desenhando personagens
improváveis.
Os afetos como o pólen se espalham...
dispersam, se perdem e acabam.
Outros, resistem feito reticências
líricas em pleno entardecer.
Estou exausta.
O alpendre não mais me contém.
Minha alma não se contém na estreiteza do corpo
e nem dos propósitos...
Do alpendre não restará nem a poesia.
Somente o agudo fino do assobio
que transfixa tudo...
E abandona minha surdez.
Que fica parecida com a lucidez tardia.
Um dia, quando não mais estiver
no alpendre da vida.
Serei passado.
Sob a lápide de palavras caladas.
Haverá ossos, cinzas ou nada.
Resquícios ou vestígios.
E, ainda assim,
estaremos aguardando
o esquecimento providencial.
Fim que não é fim
porque tudo continua
insistentemente
infinito.
Estamos todos no alpendre da vida
nessa varanda coberta
mas aberta as intempéries.
É possível sentir a fúria dos ventos,
as gotículas de chuva
e o chicote das mágoas...
Dor e sangue que secam ao relento
como um cão vadio e sem raça definida.
as cicatrizes com o tempo,
são referenciais.
sinais gráficos, escritos pelas agruras
distintos de tudo,
e marcados por todos.
Esculpidos em carne viva
sob a aspiração de almas mortas.
Repito: estamos todos no alpendre da vida.
Semiprotegidos.
Semicobertos
E imersos numa consciência súbita.
Contradições, paradoxos e culpas
naufragam nesse alpendre.
Não estamos dentro e nem fora.
O sol lá fora projeta sombras verossímeis.
As nuvens passam desenhando personagens
improváveis.
Os afetos como o pólen se espalham...
dispersam, se perdem e acabam.
Outros, resistem feito reticências
líricas em pleno entardecer.
Estou exausta.
O alpendre não mais me contém.
Minha alma não se contém na estreiteza do corpo
e nem dos propósitos...
Do alpendre não restará nem a poesia.
Somente o agudo fino do assobio
que transfixa tudo...
E abandona minha surdez.
Que fica parecida com a lucidez tardia.
Um dia, quando não mais estiver
no alpendre da vida.
Serei passado.
Sob a lápide de palavras caladas.
Haverá ossos, cinzas ou nada.
Resquícios ou vestígios.
E, ainda assim,
estaremos aguardando
o esquecimento providencial.
Fim que não é fim
porque tudo continua
insistentemente
infinito.