desperdício de tudo

como pode um peito vazio pesar tanto?

tudo o que ele quer é um respaldo

um apoio

um abraço

um conforto

algo em que se encaixe.

eu só tenho eu

e um travesseirão

que confere os requisitos mínimos.

consigo aliviar nele

o peso da tristeza.

é só isso,

triste

vazio

sozinho.

não está tão mal na escala da depressão.

pudera, virou costume.

periodicamente,

cá eu lido com o nada

me puxando ao chão.

ainda não me preocupo

em saber

em que espelho perdi a minha face,

só queria

apenas

entender

quando entrei nesse buraco.

me sinto distante

de tudo e de todos.

isolado

com toda a internet em mãos.

tenho tudo, todos e nada.

digo "é só uma fase"

que só dura tem anos.

uma hora passa

ao mesmo tempo

em que passa

minha vida

escorrendo

entre

os

dedos.

e pior, não volta.

ainda assim, vale o aprendizado

a experiência.

quão fundo a gente consegue descer no poço?

dizem: "se não está feliz, que mude

se continua infeliz sem mudar é mero comodismo".

contraditório,

o cômodo é confortável e a última coisa que sinto é conforto.

mudar? mudar pra onde?

já mudei, e a esperança de algo novo já se foi.

talvez seja essa pontada espinhosa que tem machucado.

"a esperança não decepciona", ouvi algumas vezes.

até chegar esse momento, tantos anos se passarão.

até lá, segue o desperdício.

GaP
Enviado por GaP em 20/09/2014
Código do texto: T4968734
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.