A LÁGRIMA DO CORAÇÃO

Uma lágrima me desceu no rosto

Perguntei a ela porque fez isso

E com tristeza a ouvi dizer

O que jamais eu imaginei.

“Desculpe eu vir e te envergonhar

Mas é que eu cumpro ordens superiores

É teu coração que me produziu

É tua alma que me fez sair.

O coração disse que não é justo

Tanto consolar, e não ser consolado

Tanto compreender, e não ser compreendido

Tanto amar e não ser amado.

A alma que gerencia tudo

Percebeu que muita dor havia

E para não ressecar a vida

Transformou tudo em uma gota d’água

Mas cada dia outra gota havia

Até que hoje ela me fez sair

Para mostrar a ti, meu dono

Que há uma enchente alagando tudo.

Abobalhado eu ouvia isso

Como podia tal acontecer?

Se eu obedeço ao que o Mestre disse?

Se eu faço a vontade que o meu Pai quer?

Mas essa lágrima esclareceu

“Tu fazes tudo que teu Mestre ensina

Tu fazes tudo que teu Pai deseja

Mas não fazes o que teu corpo quer.

Então é justo que ele sofra

Pelos amores que não pode ter

Mas faças apenas um favor a ele

O ame tanto quanto amas a tantos.”

Era bem justo esse pedido

E logo uma lágrima minha

Desceu no rosto sem ter vergonha

Ao lado da lágrima do coração.