SUSPIRO

Estou doente

e beiro à morte.

Tenho sofrido,

desde os vinte anos,

de um suspiro profundo

que sai lerdo

das entranhas vazias do meu peito.

É assim mesmo

o que acontece!

Um suspiro e um peito vazio!

Falo sem nenhuma

licença poética

e a descrição que faço

é fria e anatômica,

sem vestígios de exagero.

O suspiro,

sinal externo da enfermidade,

muitos amigos já tiveram

o infortúnio de presenciar,

muitos parentes sofreram

só de pensar no desespero que sinto

quando busco um pouco de ar

para fazer encher os pulmões.

O vazio no peito,

dor interna da doença,

ninguém viu ou sentiu por mim,

mas nem por isso

amigos e parentes

duvidam da minha angústia,

pois me veem atirado à cama,

com os olhos fundos

e o travesseiro molhado de lágrimas.

Edson de Barros
Enviado por Edson de Barros em 27/08/2014
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