Flor esquecida, sentada numa cadeira no jardim do asilo...
Quem sabe algum dia teria a alegria de ver chegar um filho...
Olhava com os olhos rasos d’água as visitas que ali chegavam
Braços que se abraçavam; carinho dos que se encontravam...
O que seriam aquelas marcas no seu rosto, linda flor?
Os anos foram desenhando cada sorriso e cada dor...
O que seriam estas lembranças açoitando a sua mente?
Rostos que você ama e que sumiram para todo sempre...
A linda flor chorava toda noite e acabou adormecendo...
Naquele cenário de abandono aos poucos foi morrendo!
E a vida a esqueceu, e então as mãos calejadas se uniram...
O adeus foi repleto de solidão; no céu os anjos a acudiram!
A realidade que seguiu em frente e sem piedade continuou...
Ficaram na página do tempo as cantigas de ninar que cantou
Fotografias amareladas do seio oferecido quando amamentou
Gente que tinha o mesmo sangue na veia e a desamparou!
Antes de padecer escreveu uma mensagem com ironia:
O amor que entreguei foi incondicional; repleto de alegria!
O que me deixou mais radiante na vida foi ser mãe um dia...
No final, o mais triste; excluída! Fui exaurida pela nostalgia...
Janete Sales Dany