HÁ ABISMOS EM MIM
Há abismos em mim, sim.
Quisera nunca os houvesse
mas, nunca os posso negar.
Sinceridade terrível esta
só de preços a pagar
e eu os tenho pago, ah, sempre,
destino de os purgar.
Descanso pouco, vida parca,
às vezes uma rosa, quase sempre
dores fundas de nunca se esgotar.
Prossigo como se soubesse de mim
como se soubesse das coisas.
Prossigo, de nada sei.
Eu sei de nada saber.
Fragil animal indefeso
alma a se proteger
de mais Dor. Assim sigo
sem altivez, sem orgulho
de ser algo, que algo não sou.