Dor
Sinto o doce sabor do corte
Que lentamente rasga minha pele
E destrói o que tenho e o que sou
E não cicatriza, jamais para de sangrar
Sinto as lágrimas escorrerem pelo corpo
Todo ele chora:
A boca chora, os olhos choram, o coração chora
Todo ele grita, mas não ouço nada
Perdi o que tinha de mais belo
Sem nem saber o que era
Não sei se roubaram
Ou se deixei cair no meio do caminho
Só sei que dói
E gosto da dor do vazio
Ele me lembra de esquecer
As memórias que nunca tive
(E que jamais terei)
Finalmente encontrei o que procurava
Que também desconhecia o que era
Agora sei que o tenho
Mas não sei o que de fato é
E se eu não te queria, afinal,
O que devo fazer agora?
Devo eu embalar-te e devolver a encomenda?
Irias, então, embora?
E se eu te pedisse
Seria isso suficiente
Para devolveres-me a paz
Que já sinto falta
Sem nem mesmo conhecer?
Ou então só vá, ou fique
Hei de me acostumar
Seja com tua presença ou tua ausência
Sempre terei a dor
Para eternamente me consolar