Enterro de um passarinho (dedicado à Professora Maria Lígia Pina)
Vi o ataúde da professora rolar para dentro da miserável gaveta
Braçadas de rosas foram empurradas para dentro
E quanto mais enchiam o escuro com rosas
Mais triste eu me sentia
Via ali ser enterrado o conhecimento
Vilipendiada a poesia
Aquela mulher distinta e fina
Moça virgem aos oitenta e oito
Era um passarinho derrotado
Todos os seus sonhos
Naquele escuro colocados
Meu Deus, que cena constrangedora
Fecharam a gaveta
Dentro a professora
A poeta
A declamadora
Meu Deus, quanta agonia
Bem no momento em que o sol no horizonte se escondia
Para chorar estrelas na hora da Ave Maria