Choro de Filha
Dia de Reis.
Vinte e uma horas.
Sete estampidos.
Cheiro estranho
e concluo;
crianças inocentes
soltando bombinhas
pros Reis Magos,
o barulho perto demais,
pensei: entraram na varanda,
caminho até a porta,
o cheiro ainda mais forte,
era um cheiro de morte,
não havia criança inocente,
havia um pai caído no chão,
em meio á poça de sangue,
o choque,
a negação,
o medo,
o desespero,
Sete tiros certeiros,
uma vida ceifada,
as nossas mutiladas pela perda.
Um crime.
Um covarde.
Um assassino,
levou o meu pai.
Hoje não terei novamente
o seu abraço,
não ouvirei seu riso,
não o verei experimentar
provavelmente a pólo
que daria á ele (suas preferidas),
não faremos um brinde,
nem o animado churrasco,
e sua famosa salada de cebola,
nem depois o banho de piscina,
e ele jogando bola com o netos.
Nem haverá a noitinha que chega
e a gente indo cada uma pra suas
casas....
Boa noite pai....te amo...até amanhã....
Há oito anos não há mais até amanhã pra nós dois.....
Nota: Havia publicado esse texto ontem, mas como o dia dos Pais é hoje, resolvi retirar de ontem e publicar hoje, abaixo colo o comentário do Poeta Stelo Queiroga,por que achei deselegante deletar o comentário que será apagado junto com o texto.