EXPLOSÕES
''Já posso explodir agora
Ou preciso marcar hora?
Quero socar a parede
E quebrar as janelas.
Quero colocar fogo no quarto
E nos meus poemas.
Derrubar a mesa e os quadros.
Quero quebrar as algemas,
Rasgar o vento com a flecha,
Jogar fora os remédios incuráveis,
Bater a porta e fazer o chão tremer.
Quero berrar em tom agudo,
Parar de vez o mundo.
Congelar sua voz antes que se intrometa,
Engolir venenos mortais
Só pra ver se o coração queima.
Quero mudar o rumo da vida
Por que essa em que vivo não é minha.
Quero dançar em meio ao fogo,
Acabar de vez com esse jogo,
Correr e nunca mais parar.
Desabafar em gritos até o fôlego acabar.
Aprender a voar ou cair no chão,
Fazer tudo o que não fiz até chegar a hora da explosão.
Quero socorrer os feridos
Já que socorrer a mim já não dá mais.
Varrer os cacos moídos
E me misturar aos doidos varridos.
Quero trocar meu coração com o de um cão
Ser pura pelo menos um minuto antes da bomba,
E achar a cura pra deixar de ser boba.
Quero deixar meus rastros na lua,
Quero roer todas as minhas unhas.
Quero explodir, como um rojão.
Quero gritar como um desesperado,
Por que no meu peito tem muito sentimento guardado
E não aguento mais ficar assim, sempre calado.''