Soturna Noite
A longa noite mal iluminada,
Onde cerrei os olhos cansados,
Já ia longa a madrugada,
E eles ainda molhados.
A noite que me viu nascer,
Onde retorno todos os dias,
Faz-me lembrar as núpcias,
Quando nela vier a morrer.
A noite onde perscruto a paz,
No silêncio que me induz idolatrado,
Acaricia-me prostrado e fugaz,
O sono chega finalmente apressado.
A última noite esbatida eterna,
A grande ausência de sombra,
A longa solidão em mim tão terna,
Envolto em perene penumbra.
Lisboa, 26-9-2013