A Teia
A teia onde me emaranhei,
Numa floresta de enganos,
Onde a memória incendiei,
À sombra dum velho plátano.
A teia da vida que se me escapou,
Depauperada de extremos convictos,
Fez-me naufrago, não me poupou,
Vivo deserto sem quaisquer méritos.
A teia de que me tentei libertar,
Era afinal a razão do meu ser,
O mundo vil que ousava tentar,
Defendia-me do meu anoitecer.
A teia onde enredei a paixão,
Loucuras destemidas recriadas,
A espera gargântua do caixão,
De exangues dores primadas.
Lisboa, 26-9-2013