Serei sim...

amanhã serei pisoteado;

serei pó, aos pés de tanta gente.

Se eu me calar aos detritos, aos tropeços,Se tentar lutar,

verei minhas armas retidas,

presas, caladas pela incúria.

Se me pôr em fuga,

terei nas costas o peso da vergonha.

Ah! Deus, não sinto formas,

meios que me façam mudanças,

que risquem este vácuo presente;

tudo é confuso, insignificante e triste.

Mas se tantos se calam,

se a paz, o silêncio, encobrem tudo,

provarei estes motivos desfolhando anseios,

retendo presenças que embalam forças,

salpicando o espaço com minha imagem

que pouco a pouco será lembrada,

por covardia, temor ou mesmo uma falsa coragem.