Desesperança

A desesperança do desespero que me impregna,

Totalitário e cacique omnipresente sem chama,

A ladainha onde invoco o destemor do irresoluto,

Depauperada alma que me abandonou à má sorte,

As desventuras fúteis em que não me encontrei,

As caras mimetizadas de mim que me rodeiam,

Os meus outros Eus igualmente sós e vagantes,

Serpenteando carentes em mundos paralelos,

Irracionalismo metodicamente enclausurado,

Que nos circunda em laivos de retórica insana.

A maravilhosa chuva de fogo que me consome,

Me acalma as ânsias deleitosas proscritas há muito,

Onde não reina ninguém nem vigora nada transcrito,

As interjeições que desapareceram do meu ser,

O absolutismo do meu parco parecer relativo,

As minudências fantasmagóricas enlouquecidas,

Onde me afogo nas alvoradas do meu ensandecer,

O aprofundar da transposição da última fronteira,

Cada vez mais irremediável na sua proximidade,

Cada vez mais inadiável na sua resolução final.

Lisboa, 9-9-2013

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 26/07/2014
Código do texto: T4897943
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