Desesperança
A desesperança do desespero que me impregna,
Totalitário e cacique omnipresente sem chama,
A ladainha onde invoco o destemor do irresoluto,
Depauperada alma que me abandonou à má sorte,
As desventuras fúteis em que não me encontrei,
As caras mimetizadas de mim que me rodeiam,
Os meus outros Eus igualmente sós e vagantes,
Serpenteando carentes em mundos paralelos,
Irracionalismo metodicamente enclausurado,
Que nos circunda em laivos de retórica insana.
A maravilhosa chuva de fogo que me consome,
Me acalma as ânsias deleitosas proscritas há muito,
Onde não reina ninguém nem vigora nada transcrito,
As interjeições que desapareceram do meu ser,
O absolutismo do meu parco parecer relativo,
As minudências fantasmagóricas enlouquecidas,
Onde me afogo nas alvoradas do meu ensandecer,
O aprofundar da transposição da última fronteira,
Cada vez mais irremediável na sua proximidade,
Cada vez mais inadiável na sua resolução final.
Lisboa, 9-9-2013