PIEDADE

Piedade misericórdia

A corda

Minhas mãos tremulas

O equilíbrio já difícil

São muitos edifícios

No capricho do melhor

Uma esmola

Uma camisa velha

Um pedaço de pão

Já não tem dignidade

Sua dignidade é a fome

Conformidades no olhar

A corda

Procuro a minha corda

Quero dormir

E acordar no céu

Um pouco de mel

Para adoçar meu coração

O que fiz por merecer?

Ou o que não o fiz?

Sorte ou destino?

Condenado a pagar sem ter!

Por que estou aqui?

Onde estão meus pais?

Já nasci condenado

Abandonado no frio

Ou o gelo da corda

Uma esmola, por favor,

Estou esperando só a hora

A hora de acordar...

Da corda que me segue

Aquela companheira traiçoeira

Às vezes faceira

A única esperança

De mudar de vida

A qual me segue a ermos piedade.

Escrito em 19 de julho de 2014, por Orlando Oliveira.