É só a morte
A vida sem um norte
A inutilidade de ser forte
O terror em belo porte
E ainda que ninguém suporte
Ainda não é vida, é só a morte
 
É só a dor
A vida sem nenhum amor
A mesma rotina do estupor
A beleza a se decompor
Um prazer nada indolor
Que não é prazer, é só a dor
 
É só o desespero
A vida quase sem tempero
E no auge desse destempero
Há o grande horror com tanto esmero
Bem ali, naquele momento derradeiro
Em que não há mais esperança, só o desespero
 
É só o sofrimento
Da vida sem discernimento
De um viver sem comprometimento
Da morte vã e sem ressarcimento
E não há razão nem merecimento
Há só o momento, que é de sofrimento
 
Há só o desatino
A vida toda tida como destino
Essa escuridão espessa no sol a pino
E um pensamento que não termino:
“a morte nada tem assim de tão divino
no morto que não passa de um menino”
 
É só o fim
Toda a vida termina assim
Para eles, para você, para mim
E a morte não cheira a jasmim
E seu arauto não é um querubim
Nem há jardim, dizem, há só o fim
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 16/07/2014
Reeditado em 09/01/2021
Código do texto: T4884544
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