Não trago morte,
tampouco trago vida,
porque nossa lida é não ter sorte
e nossa morte é não ter saída.
Não trago ódio,
tampouco trago amor,
porque amor é ainda tão pouco,
para esse o ócio a base de ópio.
Não trago dor,
tampouco flores,
que os temores secaram o jardim
e nossos olhos desaprenderam a cor.
Não trago mais guerra,
tampouco trago paz,
trago um punhado de terra
de um túmulo que nos apraz.
Não trago silêncio,
tampouco trago poesia;
talvez esse grito pouco no vazio
de um outro silêncio que esvazia.
Não trago medo,
tampouco esperanças,
trago o absurdo degredo
para o crime de sermos crianças.
Não trago o arcaico,
tampouco trago o novo,
trago um canto mais prosaico
lamento que redime um povo.
Não trago tristeza,
tampouco trago alegria,
talvez um sorriso na incerteza,
triste beleza que em sangue se esvaía.
Um poema entre guerras
lua escondida entre as serras
a terra de meus pais devastada
e a prole de seus filhos assassinada.
A bomba assombra,
a sombra incerta tomba,
a bala perdida abala,
cala a hesitante fala
e nos iguala no frio da vala
O míssil verossímil omite o futuro
mesmo dos omissos e dos submissos
dos tomados de sumiços, sem passado,
dos alucinados no limiar do presente,
que toda gente vive e nem mais sente.
Aeronaves de rapina sobrevoam
o chão queimado em que o tanque avança
por sobre o descalabro de escombros e assombros,
pelos descaminhos de todos os passos não dados
dos mal fadados, dos infelizes e dos desafortunados
que sem querer e sem saber seguem como soldados.
Há guerra
há outra guerra,
há mais uma guerra,
sempre houve guerra,
sempre haverá guerra,
nunca terminará a guerra,
nem que para isto façamos
mais uma desnecessária guerra.
É um mal que destrói, que corrói, que dói.
E dói mais por estar de nós tão distante
e mesmo assim não parecer inexistente,
latejando na vida como uma ficção insistente.
A guerra é real e sem sentido
e nada pode haver que doa mais
nem que cause tanta desesperança,
em meio a escombros perder a paz
e encontrar um brinquedo sem criança
tampouco trago vida,
porque nossa lida é não ter sorte
e nossa morte é não ter saída.
Não trago ódio,
tampouco trago amor,
porque amor é ainda tão pouco,
para esse o ócio a base de ópio.
Não trago dor,
tampouco flores,
que os temores secaram o jardim
e nossos olhos desaprenderam a cor.
Não trago mais guerra,
tampouco trago paz,
trago um punhado de terra
de um túmulo que nos apraz.
Não trago silêncio,
tampouco trago poesia;
talvez esse grito pouco no vazio
de um outro silêncio que esvazia.
Não trago medo,
tampouco esperanças,
trago o absurdo degredo
para o crime de sermos crianças.
Não trago o arcaico,
tampouco trago o novo,
trago um canto mais prosaico
lamento que redime um povo.
Não trago tristeza,
tampouco trago alegria,
talvez um sorriso na incerteza,
triste beleza que em sangue se esvaía.
Um poema entre guerras
lua escondida entre as serras
a terra de meus pais devastada
e a prole de seus filhos assassinada.
A bomba assombra,
a sombra incerta tomba,
a bala perdida abala,
cala a hesitante fala
e nos iguala no frio da vala
O míssil verossímil omite o futuro
mesmo dos omissos e dos submissos
dos tomados de sumiços, sem passado,
dos alucinados no limiar do presente,
que toda gente vive e nem mais sente.
Aeronaves de rapina sobrevoam
o chão queimado em que o tanque avança
por sobre o descalabro de escombros e assombros,
pelos descaminhos de todos os passos não dados
dos mal fadados, dos infelizes e dos desafortunados
que sem querer e sem saber seguem como soldados.
Há guerra
há outra guerra,
há mais uma guerra,
sempre houve guerra,
sempre haverá guerra,
nunca terminará a guerra,
nem que para isto façamos
mais uma desnecessária guerra.
É um mal que destrói, que corrói, que dói.
E dói mais por estar de nós tão distante
e mesmo assim não parecer inexistente,
latejando na vida como uma ficção insistente.
A guerra é real e sem sentido
e nada pode haver que doa mais
nem que cause tanta desesperança,
em meio a escombros perder a paz
e encontrar um brinquedo sem criança