SERES DISPERSOS...
“A sua ausência de amor
é tão presente na minha vida
que faz do meu presente não ter vida”...
Andando pelo centro da cidade
vejo pessoas (aos montes) dormindo no chão
feito embrulhos caídos, jogados, esquecidos
sem carinho, sem amor, sem vida, sem compaixão...
Olhares perdidos e pedindo
não só a comida, a água ou o papelão
são olhares que falam a minh’alma
que querem apenas um aperto de mão...
Os rostos marcados pelo tempo
em alguns casos, nem tanto tempo assim
na condição sub humana que vivem
se definham esperando pelo fim...
Aos montes se amontoam num canto
querendo um pouco mais que calor
quem sabe doutro corpo perdido
reconhecidos pelo mesmo odor...
Eu, como tantos, passo de canto
Nada faço, apenas observo
meu semelhante jogado à sorte
compondo essa tela de seres dispersos...
Andando pelo centro da cidade
vejo pessoas aos montes
dormindo no chão
bem sei, se o cheiro que sinto
é meu cheiro
de decomposição.